quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Hiroshima


John Hersey escreveu seu nome na história ao descrever detalhadamente os relatos de seis sobreviventes do primeiro ataque nuclear da história, no livro “Hiroshima”. Com linguagem fácil e acessível e um detalhamento incrível nas histórias, o livro mesmo sendo escrito de maneira informativa, livre de emoções forçadas e sensacionalismo, passa o sentimento de quem viveu um dos piores momentos da história do homem.
    
Para escrever seu livro reportagem, Hersey vai até Hiroshima um ano após a tragédia para colher as descrições dos sobreviventes sobre o durante e o depois da explosão da bomba e retorna quarenta anos depois para rever seus entrevistados.





As descrições minuciosas em alguns momentos chegam a chocar, como quando os entrevistados comentam do cheiro das pessoas queimadas, dos momentos após a explosão onda haviam vítimas por todos os lados.
   
Outro fator interessante do livro é a maneira como é escrito. O livro intercala as histórias dos personagens em ordem cronológica, algumas vezes dando a impressão de se tratar de um filme com suas mudanças de cena. Além disso, as histórias dos seis sobreviventes acabam se intercalando em momentos do livro, criando um elo a mais entre eles, além do elo de serem sobreviventes da bomba.

Esse grande exemplar do jornalismo literário além de contar um lado da história até então desconhecido, detalha o ápice do sofrimento humano causado por outros humanos, sugerindo mesmo que não intencionalmente a reflexão do leitor sobre o tema.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Flamingo: Bom para Brandon e bom para a banda

No meio do mês de setembro foi lançado com o selo Island o primeiro álbum solo de Brandon Flowers, frontman da banda americana The Killers. Como já era de se esperar do criativo vocalista do The Killers, o CD conta com uma pitada de excentricidade, que apesar de em alguns momentos chegar a comprometer sua qualidade, também enriquece muito o disco.

No ultimo álbum de estúdio da banda (Day & Age) fica clara a influência do vocalista nas músicas, talvez até um pouco acima do ideal. Apesar de ser um ótimo CD, de muita criatividade e sonoridade extremamente agradavel, é notável o toque excessivamente "Floweriano" nas músicas, o que deixou a simplicidade notavel dos discos anteriores da banda de lado, e contou com algumas extravagâncias como presença de instrumentos não tão ortodoxos em bandas de rock, como o saxofone. A variação de estilo na banda afirma a sua qualidade, o problema em Day & Age foi a falta do toque pessoal dos outros integrantes da banda, e excesso do toque pessoal de Brandon Flowers.

Em Flamingo temos o foco voltado para o Pop, com poucos riffs de guitarra característicos do The Killers. Algumas das faixas tem forte influência country. Também existe semelhança na sonoridade de algumas faixas do álbum com o último disco da banda por elas serem b-sides do "Day & Age".

Começando com "Welcome to Fabulous Las Vegas" Flowers já sinaliza que não há como eliminar a influência da sua glamurosa cidade natal em sua música. A faixa contém emoção e tem todo o estilo de uma faixa de abertura ou encerramento de CD. A segunda faixa, "Only The Young", tem ritmo lento e tranquilo, praticamente contando apenas com a voz do vocalista e seu teclado. Uma das melhores faixas do CD. A animada faixa seguinte vem pra quebrar o gelo de sua antecessora. Contando com o backing vocal de Jenny Lewis a música tem sonoridade beirando o country. Nas faixas seguintes o CD tem uma pequena queda, contando com músicas enroladas como "Playing With Fire" e esquisitas como "Magdalena" que também conta com um estilo country. Na oitava faixa encontramos o primeiro single do CD, "Crossfire". A música animada lembra bastante "os matadores". É a faixa mais acessível do disco, contagiando todos os gostos. Flamingo segue com a música "On the Floor", ápice da influência country presente no CD e com um refrão beirando o gospel. Para encerrar o álbum conta com a espirituosa "Swallow It", cuja letra se encaixaria perfeitamente aos críticos mais assíduos do disco.

Um disco criativo, com vários estilos e com altos e baixos. Tendo foco nas excentricidades de Brandon Flowers, que vão de gospel a country, o CD serve como um escape para o frontman do The Killers, para que os próximos álbuns da banda sejam mais focados na banda como unidade, e não somente em seu vocalista.