Se existe uma palavra que
consegue sintetizar tudo o que o rock significa, essa palavra é KISS. A banda
de 42 anos é um símbolo do gênero. Entre defeitos e qualidades, eles conseguem
transcender o tempo através de músicas simples e enérgicas, atuações incrementadas
e com a clássica postura forçada de rock stars (dentro e fora do palco).
Nadando a favor da maré desde sua criação, há de se ressaltar, o KISS consegue
se manter atual perante os fãs e eternamente influente à história do rock (até
a música Hell and Hallellujah, do
álbum Monster, lançado em 2012, soa
como um clássico do gênero).
Isto posto, é sempre mágico
assistir a um show dessa banda (que aliás, é uma das minhas favoritas). Se é
possível criticar o caminho da banda, o excesso de alegorias visuais, pela
simplicidade de suas músicas e até pela questão KISS versus Secos e Molhados
(Ney Matogrosso vira e mexe diz, sutilmente, que teve sua ideia roubada), por
outro lado, o show da banda continua impecável, mesmo com o peso do tempo nas
costas de seus membros. Paul Stanley e Gene Simmons, de 63 e 65 anos, já
mostram sinais da idade, mas ainda são gênios do palco.
Se foi plágio, só temos a te agradecer, Ney Matogrosso!
Mesmo com falas repetidas
(praticamente as mesmas do show que assisti em 2009), as atuações idênticas e a
duração diminuta do show (durou cerca de 1 hora e 45 minutos), tudo continua
deslumbrante, e, principalmente, soa natural. O que os dois vovôs e os (pouco)
menos idosos membros não oficias (Tommy Thayer tem 54 e Eric Singer 56 anos)
conseguem no palco é algo único. E não apenas na presença de palco. A música
continua sendo executada com perfeição. Se há um ponto negativo neste quesito é
a voz de Paul Stanley.
Como em 2009, o início do show
foi um pouco chocante (lembrando um pouco o Axl Rose do Rock in Rio 2011). Em
Detroit Rock City, a voz do frontman do KISS não tinha alcance e ele cantava
fora de ritmo. Mas como em 2009, isso foi se corrigindo durante as músicas.
Apesar de errar a letra no início de Psycho Circus, Stanley recuperou a voz
durante a música (o que mostra algum despreparo prévio), e no fim do show usou
sua plena capacidade. Ainda assim, em todos os refrãos nos quais ele soltaria a
voz há dez anos, ele se segurou e contou muito com o apoio dos outros membros
da banda (que também são bons de voz).
Outro ponto mais negativo ainda
foi o público curitibano. Com a mesma animação do público francês e debaixo de
frio e chuva, com certeza o KISS não se sentiu no Brasil. A vibração que
estamos acostumados a ver em São Paulo, no Rio de Janeiro ou mesmo em Porto
Alegre não existiu por aqui. Além disso, muitos nem sabiam exatamente o que
estavam ouvindo e foram pela “hype”. Mas o pior foi durante o solo de Tommy
Thayer, quando alguns imbecis ignorantes vaiaram (e não foi só perto de mim,
amigos meus em outras partes da Pedreira relataram o mesmo absurdo). Não sei se
é simples ignorância ou se é ‘haterismo’ para cima do
único guitarrista que conseguiu substituir Ace Frehley e mantendo o
estilo da banda (herdeiro do personagem original de Ace, o ‘Space Man’, Tommy
chegou a tocar em um banda cover do KISS antes de entrar para o Black N’ Blue e
é um pouco ridicularizado por isso). Já o sensacional Eric Singer passa longe
da ignorância dos “fãs”, mesmo adotando o personagem ‘the Catman’ de Peter Criss.
De qualquer forma, tais pontos
negativos são insignificantes perante a qualidade do show. Sem dúvidas, o KISS
é dono do maior espetáculo da terra. Um show excelente até para quem não gosta
da banda. Minha colega de shows/furadas, que foi arrastada por mim estando
temporariamente semi-aleijada, e que não gosta do KISS (é até um pouco hater)
gostou muito do show, garantindo-o uma nota 9. “Eles não tem vergonha de
parecerem ridículos e sabem criar um espetáculo como ninguém, tanto visualmente
como musicalmente” disse ela.