quinta-feira, 23 de abril de 2015

O DIA EM QUE A BANDA MAIS QUENTE VISITOU A CIDADE MAIS FRIA

Se existe uma palavra que consegue sintetizar tudo o que o rock significa, essa palavra é KISS. A banda de 42 anos é um símbolo do gênero. Entre defeitos e qualidades, eles conseguem transcender o tempo através de músicas simples e enérgicas, atuações incrementadas e com a clássica postura forçada de rock stars (dentro e fora do palco). Nadando a favor da maré desde sua criação, há de se ressaltar, o KISS consegue se manter atual perante os fãs e eternamente influente à história do rock (até a música Hell and Hallellujah, do álbum Monster, lançado em 2012, soa como um clássico do gênero).


Isto posto, é sempre mágico assistir a um show dessa banda (que aliás, é uma das minhas favoritas). Se é possível criticar o caminho da banda, o excesso de alegorias visuais, pela simplicidade de suas músicas e até pela questão KISS versus Secos e Molhados (Ney Matogrosso vira e mexe diz, sutilmente, que teve sua ideia roubada), por outro lado, o show da banda continua impecável, mesmo com o peso do tempo nas costas de seus membros. Paul Stanley e Gene Simmons, de 63 e 65 anos, já mostram sinais da idade, mas ainda são gênios do palco.

Se foi plágio, só temos a te agradecer, Ney Matogrosso!
Mesmo com falas repetidas (praticamente as mesmas do show que assisti em 2009), as atuações idênticas e a duração diminuta do show (durou cerca de 1 hora e 45 minutos), tudo continua deslumbrante, e, principalmente, soa natural. O que os dois vovôs e os (pouco) menos idosos membros não oficias (Tommy Thayer tem 54 e Eric Singer 56 anos) conseguem no palco é algo único. E não apenas na presença de palco. A música continua sendo executada com perfeição. Se há um ponto negativo neste quesito é a voz de Paul Stanley.

Como em 2009, o início do show foi um pouco chocante (lembrando um pouco o Axl Rose do Rock in Rio 2011). Em Detroit Rock City, a voz do frontman do KISS não tinha alcance e ele cantava fora de ritmo. Mas como em 2009, isso foi se corrigindo durante as músicas. Apesar de errar a letra no início de Psycho Circus, Stanley recuperou a voz durante a música (o que mostra algum despreparo prévio), e no fim do show usou sua plena capacidade. Ainda assim, em todos os refrãos nos quais ele soltaria a voz há dez anos, ele se segurou e contou muito com o apoio dos outros membros da banda (que também são bons de voz).

Outro ponto mais negativo ainda foi o público curitibano. Com a mesma animação do público francês e debaixo de frio e chuva, com certeza o KISS não se sentiu no Brasil. A vibração que estamos acostumados a ver em São Paulo, no Rio de Janeiro ou mesmo em Porto Alegre não existiu por aqui. Além disso, muitos nem sabiam exatamente o que estavam ouvindo e foram pela “hype”. Mas o pior foi durante o solo de Tommy Thayer, quando alguns imbecis ignorantes vaiaram (e não foi só perto de mim, amigos meus em outras partes da Pedreira relataram o mesmo absurdo). Não sei se é simples ignorância ou se é ‘haterismo’ para cima  do  único guitarrista que conseguiu substituir Ace Frehley e mantendo o estilo da banda (herdeiro do personagem original de Ace, o ‘Space Man’, Tommy chegou a tocar em um banda cover do KISS antes de entrar para o Black N’ Blue e é um pouco ridicularizado por isso). Já o sensacional Eric Singer passa longe da ignorância dos “fãs”, mesmo adotando o personagem  ‘the Catman’ de Peter Criss.

De qualquer forma, tais pontos negativos são insignificantes perante a qualidade do show. Sem dúvidas, o KISS é dono do maior espetáculo da terra. Um show excelente até para quem não gosta da banda. Minha colega de shows/furadas, que foi arrastada por mim estando temporariamente semi-aleijada, e que não gosta do KISS (é até um pouco hater) gostou muito do show, garantindo-o uma nota 9. “Eles não tem vergonha de parecerem ridículos e sabem criar um espetáculo como ninguém, tanto visualmente como musicalmente” disse ela.
 

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