quinta-feira, 23 de abril de 2015

O DIA EM QUE A BANDA MAIS QUENTE VISITOU A CIDADE MAIS FRIA

Se existe uma palavra que consegue sintetizar tudo o que o rock significa, essa palavra é KISS. A banda de 42 anos é um símbolo do gênero. Entre defeitos e qualidades, eles conseguem transcender o tempo através de músicas simples e enérgicas, atuações incrementadas e com a clássica postura forçada de rock stars (dentro e fora do palco). Nadando a favor da maré desde sua criação, há de se ressaltar, o KISS consegue se manter atual perante os fãs e eternamente influente à história do rock (até a música Hell and Hallellujah, do álbum Monster, lançado em 2012, soa como um clássico do gênero).


Isto posto, é sempre mágico assistir a um show dessa banda (que aliás, é uma das minhas favoritas). Se é possível criticar o caminho da banda, o excesso de alegorias visuais, pela simplicidade de suas músicas e até pela questão KISS versus Secos e Molhados (Ney Matogrosso vira e mexe diz, sutilmente, que teve sua ideia roubada), por outro lado, o show da banda continua impecável, mesmo com o peso do tempo nas costas de seus membros. Paul Stanley e Gene Simmons, de 63 e 65 anos, já mostram sinais da idade, mas ainda são gênios do palco.

Se foi plágio, só temos a te agradecer, Ney Matogrosso!
Mesmo com falas repetidas (praticamente as mesmas do show que assisti em 2009), as atuações idênticas e a duração diminuta do show (durou cerca de 1 hora e 45 minutos), tudo continua deslumbrante, e, principalmente, soa natural. O que os dois vovôs e os (pouco) menos idosos membros não oficias (Tommy Thayer tem 54 e Eric Singer 56 anos) conseguem no palco é algo único. E não apenas na presença de palco. A música continua sendo executada com perfeição. Se há um ponto negativo neste quesito é a voz de Paul Stanley.

Como em 2009, o início do show foi um pouco chocante (lembrando um pouco o Axl Rose do Rock in Rio 2011). Em Detroit Rock City, a voz do frontman do KISS não tinha alcance e ele cantava fora de ritmo. Mas como em 2009, isso foi se corrigindo durante as músicas. Apesar de errar a letra no início de Psycho Circus, Stanley recuperou a voz durante a música (o que mostra algum despreparo prévio), e no fim do show usou sua plena capacidade. Ainda assim, em todos os refrãos nos quais ele soltaria a voz há dez anos, ele se segurou e contou muito com o apoio dos outros membros da banda (que também são bons de voz).

Outro ponto mais negativo ainda foi o público curitibano. Com a mesma animação do público francês e debaixo de frio e chuva, com certeza o KISS não se sentiu no Brasil. A vibração que estamos acostumados a ver em São Paulo, no Rio de Janeiro ou mesmo em Porto Alegre não existiu por aqui. Além disso, muitos nem sabiam exatamente o que estavam ouvindo e foram pela “hype”. Mas o pior foi durante o solo de Tommy Thayer, quando alguns imbecis ignorantes vaiaram (e não foi só perto de mim, amigos meus em outras partes da Pedreira relataram o mesmo absurdo). Não sei se é simples ignorância ou se é ‘haterismo’ para cima  do  único guitarrista que conseguiu substituir Ace Frehley e mantendo o estilo da banda (herdeiro do personagem original de Ace, o ‘Space Man’, Tommy chegou a tocar em um banda cover do KISS antes de entrar para o Black N’ Blue e é um pouco ridicularizado por isso). Já o sensacional Eric Singer passa longe da ignorância dos “fãs”, mesmo adotando o personagem  ‘the Catman’ de Peter Criss.

De qualquer forma, tais pontos negativos são insignificantes perante a qualidade do show. Sem dúvidas, o KISS é dono do maior espetáculo da terra. Um show excelente até para quem não gosta da banda. Minha colega de shows/furadas, que foi arrastada por mim estando temporariamente semi-aleijada, e que não gosta do KISS (é até um pouco hater) gostou muito do show, garantindo-o uma nota 9. “Eles não tem vergonha de parecerem ridículos e sabem criar um espetáculo como ninguém, tanto visualmente como musicalmente” disse ela.
 

terça-feira, 8 de julho de 2014

Robben vs. Messi (e um pouco do 7x1)

Poderia gastar o tempo escrevendo por horas sobre o jogo da seleção brasileira hoje. Um vexame anunciado e que todos se recusaram a ver. A mídia hipócrita seguiu o discurso da comissão técnica brasileira e cravou o Brasil como "favoritaço" (como disse Arnaldo Ribeiro, da ESPN, no início da Copa, mas que antes do jogo contra a Alemanha retirou este termo). O torcedor iludido seguiu a onda da mídia.

Mas algumas coisas são importantes de serem frisadas antes de iniciar a análise da outra semifinal. O Brasil entrou na Copa com uma equipe a nível de quartas de final (e conseguiu superar essa marca). Sempre destaquei que o Brasil só era candidato ao título pelo fator emocional e o fator 'casa'. Time e qualidade tática a seleção não tinha. Espero do fundo do meu coração que esse fato humilhante seja o gatilho para o início uma revolução no futebol brasileiro. É necessária uma limpeza da CBF, que só extrai e em nada contribuiu (da mesma forma que a FIFA, que conta com corja semelhante). Também é necessária uma revolução técnica, começando pelas categorias de base, e especialmente tática. O Brasil não possuí nenhum treinador de alto nível. É a hora da CBF contratar um gringo para comandar a seleção (lembrando que após a demissão de Mano, Guardiola se ofereceu para assumir a equipe) e implantar uma nova filosofia no nosso ludopédio (mas sem a mentalidade de 'perdeu? tá demitido', comum ao nosso futebol...aliás, mentalidade que também precisa ser modificada, tanto de dirigentes quanto de torcedores, e em diversos âmbitos, não apenas no de delegar culpa).


Para finalizar tal melancólico assunto, agora não adianta dizer que nenhum jogador presta ou que o Felipão é o culpado por tal resultado. O Brasil perdeu por ser pior tecnicamente e nulo taticamente. Mas a derrota de 7x1 não tem justificativa. Foi um daqueles acontecimentos do futebol que entram para a história, e que nunca são explicados de forma definitiva. Essa foi a equipe mais compromissada que vi usando a canarinho e não merece ser execrada em razão de uma expectativa ilusória.

Holanda x Argentina

Indo ao que interessa, amanhã temos a outra semifinal. E as expectativas são parecidas com as iniciais da partida entre Alemanha e Brasil, um pouco menos acentuadas. 

A Holanda vem como a equipe que tem jogado de forma mais correta na Copa. Apesar de pouca inspiração técnica (exceto por Robben, que vem sendo o melhor jogador da Copa, Van Persie, que faz uma Copa ruim mas tem muita qualidade, e Sneijder, que reencontrou o bom futebol após o gol contra o México), a Holanda vem agindo de forma correta para vencer os jogos. No primeiro turno foi a equipe com menor posse de bola, jogando exclusivamente em contra-ataques velozes. Nas oitavas e quartas foi forçada por México e Costa Rica a jogar, e se saiu bem, mesmo que sem brilho (vitória no último momento contra a primeira, e nos pênaltis contra a segunda, apesar do massacre). Inclusive, se a decisão chegar aos pênaltis, eu apostaria tudo na Holanda. Van Gaal mostrou um toque de genialidade ao colocar o goleiro Krul apenas para os penais. Não consigo compreender como as pessoas crucificaram o treinador holandês por tal movimento perspicaz. Em vez de colocar um jogador para cobrar um pênalti, colocou um goleiro para pegar cinco. A capacidade de decisão do goleiro é muito maior. Além disso, se convocam três goleiros, geralmente dois deles para não jogarem. Por que não aproveitar este fator e treinar um deles exclusivamente para as cobranças de pênalti? Surpresa ele ter feito isso em segredo, sem o conhecimento do titular Cillessen.

Segredos, inclusive, são o forte de Van Gaal. A cada jogo o time joga de uma forma, as vezes aparecendo com três zagueiros, as vezes com uma linha defensiva de quatro jogadores; as vezes com dois jogadores atacando pelos lados e um avançado, as vezes apenas com Robben revezando por ambos os lados e Van Persie na frente; entre outras várias variações táticas. Dessa vez as dúvidas são De Jong (volante aguerrido e marcador, importante para a Laranja) e Vlaar (zagueiro que vem se destacando na Copa), se recuperando de lesões (De Jong era dado como fora da Copa após o jogo contra o México, agora já está treinando novamente), Van Persie que foi poupado dos treinos hoje por problemas estomacais (esse é mais certo que jogue). Van Gaal também não economiza nas cornetadas para cima dos adversários. Disse que tinha mais medo de enfrentar a Bélgica, e que Messi não desempenha seu melhor futebol defendendo as cores da Argentina. Não sei se é uma boa estratégia cutucar os argentinos...

...que por sua vez entram em situação parecida com a do Brasil hoje. Um time que até tem demonstrado solidez defensiva (apesar da desconfiança para cima dos jogadores da retaguarda), e dificuldades na armação de jogadas. Também tem um desfalque pesado. Di Maria vinha sendo o jogador mais voluntarioso da Argentina na Copa, mesmo com pouca inspiração. Agora fica à cargo de Messi (mais uma vez), decidir a favor da Argentina. Apesar da diferença técnica de Argentina e Holanda serem menores do que a de Brasil e Alemanha, a Argentina tem até menos chances que o Brasil tinha. Os poucos fatores favoráveis aos hermanos são o apoio da torcida (que não deve ser maior que a pressão dos brasileiros presentes no estádio) e o poder de decisão do melhor do mundo.

Argentina tem uma missão quase tão ingrata quanto a que o Brasil teve. A Holanda é superior na Copa e mostra mais coerência tática. Messi pode ser fator de desequilíbrio, mas a Laranja possuí Robben, que vem sendo o melhor jogador da Copa.



segunda-feira, 7 de julho de 2014

Embate de GIGANTES

Amanhã é dia de clássico do futebol mundial. Momento peculiar na edição da Copa que estamos vivendo. Muitas surpresas (precisa dizer mais que 'Costa Rica'?) e poucos jogos entre gigantes (sobretudo na fase mata-mata, onde só França e Alemanha fizeram uma partida entre campeãs mundiais). Para quebrar a regra, simplesmente a disputa entre as duas maiores seleções da história das Copas. Eu sei, a Itália é tetra e a Alemanha tri, mas a Alemanha mostra a maior regularidade, tendo o mesmo número de finais de Copa do Mundo que o Brasil (7, 3 títulos e 4 vices), e quatro terceiros lugares (inclusive nas duas últimas Copas...e em 2002, relembrando, foi vice do Brasil).

Em meio a esse gigantismo todo, temos duas seleções muito distintas. De um lado a seleção mais faltosa/violenta da Copa (violência que ficou clara na última partida, quando os jogadores brasileiros abusaram das faltas duras para inibir Cuadrado e James Rodríguez, craques colombianos, e violência, que não coibida pelo juiz, culminou na lesão de Neymar...mas esse é outro papo que renderia muito). Do outro, temos a seleção que mais troca passes na Copa. 

Duas gigantes fugindo das suas características. Brasil, famoso pelo futebol arte, vem fazendo seu nome no Mundial através do futebol truculento característico dos times de Felipão (em 2002 foi parecido...menos violento e mais talentoso, mas igualmente bagunçado e igualmente comprometido em vencer a qualquer custo). Alemanha, caracterizada por um futebol objetivo e vertical, dessa vez segue o futebol envolvente (e frágil) desenvolvido por Pep Guardiola no Barcelona e mais recentemente no Bayern de Munique.

Mais do que nunca, o Brasil precisa se superar se quiser chegar as finais. Apesar da Alemanha ser uma equipe confusa graças ao treinador Joachim Löw, como já citei em análises anteriores, é o time mais técnico da Copa e também tem posse do elenco com mais possibilidades. O Brasil, também bagunçado, além de tudo conta com a falta de qualidade dos convocados. E no jogo de amanhã, tem dois desfalques de peso: Neymar e principalmente Tiago Silva.

O efeito emocional (casa e camisa) que vem carregando o Brasil perde forças diante da Alemanha. Chile, freguês eterno, e Colômbia, que se acovardou no primeiro tempo, não tiveram capacidade de enfrentar esta carga brasileira. Odeio admitir isso, mas no futebol, camisa e tradição tem muito peso. Mesmo no alto nível técnico e físico do esporte profissional, ainda falta culhões para a maioria dos times, o que limita as disputas em grande nível à poucos (Brasil, Argentina, Alemanha e Holanda? E a novidade, cadê?). 

Dessa vez a canarinho terá de apresentar alguma coisa em campo se quiser superar a imponente Alemanha, que mesmo com os problemas táticos causados pelo treinador, é a grande força a ser superada neste mundial.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Quartas de Final - Copa do Mundo 2014 parte I

Passada a surpreendente fase de grupos e a primeira etapa de eliminatórias, chegamos às quartas de final da Copa do Mundo com a mesa limpa. Agora só sobraram as melhores, e em vista da paridade demonstrada até aqui, todas são candidatas ao título. Segue uma análise dos jogos e as possíveis soluções de cada equipe para os jogos que seguem.


ALEMANHA x FRANÇA

Oponentes históricos dentro e fora de campo, França e Alemanha devem nos render o embate de maior qualidade técnica na Copa até então. Os momentos dos times são opostos. A França entrou desacreditada, mas demonstrou ter um grupo forte, além de valores individuais, e um comando firme nas mãos do campeão mundial Didier Deschamps. Já a Alemanha entrou como favorita, o melhor time no papel e em campo, mas as invencionices de Joachim Löw prejudicaram a qualidade tática da equipe e geraram muitas dificuldades em todos os jogos, exceto a goleada contra Portugal.

Ironia do destino, Löw recebeu uma triste ajuda do acaso. Com a lesão de Mustafi, não existe mais opção para a lateral direita se não Phillip Lahm. Uma das suas invenções se reparou naturalmente. Ainda sobre Höwedes pela esquerda. O zagueiro do Schalke 04 vem demonstrando grande dificuldade no apoio nas partidas da Alemanha. Löw joga com zagueiros nas laterais, mas não abre mão da subida deles ao ataque, o que compromete a defesa e a qualidade técnica da equipe pelos lados do campo. Outro problema grave da seleção está no meio de campo. O próprio técnico do Schalke criticou o uso de Höwedes pela lateral. A escalação de Löw com três volantes (antes Lahm, agora provavelmente Khedira; Kroos e Schweinsteiger) tira a característica vertical que consagrou o time alemão como o dono melhor futebol da Copa de 2010. Não obstante, Löw coloca Özil, um tradicional camisa 10, pelo lado do campo. Lhe falta cacoete e velocidade para jogar pela ponta. Do outro lado joga Götze, que se perdeu taticamente jogando no Bayern de Guardiola. Retirando um dos volantes (provavelmente Kroos, mais fraco na marcação), repondo Özil centralizado e jogando Thomas Müller pelo lado oposto a Götze já tornaria a Alemanha mais objetiva, e abriria espaço para Miroslav Klose no ataque, que busca o objetivo individual de bater o recorde de Ronaldo e se tornar o maior artilheiro da história das Copas.

A França, por sua vez, está tranquila. A campeão mundial que mais convenceu até agora tem poucos problemas táticos. A ausência de seu craque, Ribery, não foi sentida. Valbuena vem na melhor fase da sua carreira e Benzema fazendo gols importantes, sua zaga é segura e experiente, mesmo com a baixa média de idade. Até então sua grande dificuldade tem sido a lateral esquerda. Evra, do Manchester United, vem jogando mal tanto no apoio quanto na marcação. Contra a Nigéria, parecia desanimado, e foi em cima dele que todas as jogadas de perigo da equipe africana surgiram. A opção para a posição é Digne, jogador do PSG de apenas 20 anos. Também não me agrada a escalação de Debuchy pela direita. Vejo mais qualidade técnica em Sagna, futuro jogador do Manchester City.

Será um jogo complicado para a Alemanha, mas a sua qualidade técnica pode fazer a diferença, mesmo perante os equívocos de Löw. Já a França precisa manter a calma diante desse gigante e continuar com o mesmo futebol.


BRASIL x COLÔMBIA

Jogo da seleção brasileira nessa Copa é sempre difícil de prever. A questão emocional vem muito forte, e pode ser fator positivo ou negativo. Por enquanto, foi mais negativo do que positivo. Mas analisando os fatos concretos, o Brasil é um time perdido em campo, sem padrão tático algum, como costuma funcionar com Felipão. Em 2002 deu certo, graças ao talento individual do grupo, especialmente dos três R's: Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo. Esse ano, o Brasil só tem o Neymar, que se mostra imaturo para chamar a responsabilidade do jogo. Contra o Chile, o ex-santista recebeu três bolas sem marcação e em velocidade, e nas três conseguiu fugir da direção do gol e desperdiçar oportunidades. De qualquer forma, seu talento ainda pode definir. Contra a Croácia ele sentiu o peso do jogo e pouco apareceu, mas em um chute "despretensioso" marcou o gol que recolocou a seleção Canarinha na disputa.

A Colômbia tem a campanha mais sólida na Copa. Muitos colocam a culpa nos adversários. Basta lembrar no nivelamento do torneio e da eliminação tranquila do Uruguai, bicampeão mundial que desclassificou Inglaterra e Itália. Mas agora o nível de exigência emocional é muito maior e pode decidir. Mas voltando a falar de futebol, a 'Cafetera' vem sendo o melhor time da Copa. É dona da melhor defesa e de um dos melhores ataques, e não está 100% na competição. Já mostrou que gosta de jogar objetivamente, em direção ao gol e com poucos toques, especialmente na primeira fase, quando preferiu deixar a bola com o adversário e aproveitar bem suas chances. Já contra o Uruguai, os colombianos mostraram que tem capacidade de jogar com a bola no pé e comandar as ações da partida. Até agora, não deu chance para ninguém. Há de se destacar também a qualidade de James Rodriguez. O camisa 10 colombiano vem sendo o melhor jogador da Copa, dono da artilharia com 5 gols. Somado à suas duas assistências, temos um jogador que participou de 7 gols, 70% do produzido pelo time. Importância estatística que também pôde ser comprovada na prática. Contra o Japão, quando ele iniciou no banco, a Colômbia encontrou dificuldades na criação. Após a sua entrada, fizeram 3 gols e massacraram os nipônicos. Seu impacto em campo me lembrou do melhor jogador de todos os tempos, Zinedine Zidane, guardando as devidas proporções, é claro. É bom lembrar que, assim como a França, a Colômbia também não dispõe de seu principal jogador, Radamel Falcão García, na minha opinião melhor centroavante do mundo hoje. Ainda assim, tem 10 gols em 4 jogos.

O Brasil precisa encaixar algum futebol, precisa de criatividade no meio campo (o que não existe, analisando as peças), fortalecer a marcação nas laterais e principalmente, usar o fator casa a seu favor. Já a Colômbia não pode ceder a pressão de jogar com a maior campeã mundial da história na casa dela. Contado apenas o futebol, a Colômbia passaria do Brasil sem grandes problemas.

terça-feira, 17 de junho de 2014

É isso aí Felipão...

Ao contrário da maioria, eu concordo com as palavras de Felipão na coletiva pós-jogo hoje!

Ele foi muito honesto assumindo sua incompetência, sem querer. Ele simplesmente assumiu que a Copa das Confederações não significou nada (como nunca significará...serviu pouco mais que uma sequência de amistosos para acertar o time), e assumiu que não tem um time formado nas mãos. Se a seleção está em processo e formação e evolução agora, na Copa, deméritos dele (que na hora de botar pilha, disse que o favoritismo era nosso).

Claro, o Brasil não tem seleção para ganhar a Copa. Se ganhar, é por jogar em casa, por questões emocionais e não técnicas.

Concordo também, que houve evolução no futebol da seleção em relação a estreia. O Brasil jogou melhor sim, criou mais e não permitiu infiltrações mexicanas (apesar do México ter hesitado muito em atacar pelos lados, quando os laterais brasileiros permitiam qualquer ultrapassagem). Mas se Felipão está contente com a evolução, e acredita que essa melhora de 10% (segundo ele) por jogo é suficiente, corre o risco de ser eliminado na primeira fase ainda.

E após a eliminação não vale papinho de "não tive tempo de montar um time" (que seria a extensão do discurso de hoje). Quando ele aceitou o cargo, sabia que haveria pouco tempo de preparação e sabia que as opções eram escassas e fracas. Ele assumiu a responsabilidade, agora não pode se eximir dela. E isso ele tentou fazer hoje, ao reclamar da imprensa ter falado tanto no pênalti inventando pelo japonês na primeira rodada, dizendo que o juiz não marcou nenhum pênalti hoje (em especial, um no Marcelo) graças a esse papo. Então, se os juízes não roubarem a favor do Brasil, a taça não vai ficar por aqui?

Outro sinal da fuga de responsabilidade é a postura de Felipão na beira do campo. Ele passa grande parte do tempo pressionando o árbitro, na maioria das vezes, sem razão. É Felipão...quem sabe com mais uma ajuda da arbitragem a situação fique mais tranquila.

De qualquer forma, a mídia burra é culpada por qualquer decepção do torcedor. Foi inventado que o Brasil era uma máquina e que seria o campeão sem grandes dificuldades. E ao primeiro sinal de dificuldade, o clima de cordialidade e de oba-oba começa a se dissipar e as críticas se acentuam. Até entendo o Felipão ficar de saco cheio (mas quando era o Dunga não podia...).

Dinossauro tático

Que o Felipão é pragmático e antiquado todo mundo sabe. Por outro lado, o lado motivacional dele (em seleções, já que em clubes ele deu muitos fiascos...no Palmeiras dizia a cada jogo que seus jogadores não prestavam; no Chelsea, criou um clima insustentável até ser derrubado) é inquestionável. Mas será que é possível, apenas com motivação e um fraco apoio da torcida coxinha de seleção (que hoje foi engolida pela minoria mexicana, que contava com torcedores de verdade), conseguir bater times como a Alemanha?

Felipão demonstrou mais uma vez sua falta de criatividade. Escalou Ramires, que não era o reserva direto de Hulk (ligeiramente ousado nesse ponto). Não deu certo e ele o substituiu pelo fraquíssimo Bernard (reserva imediato de Hulk). Não deu certo. Fred atrapalhava mais do que ajudava. Quem entrou? Jô, para fazer a mesma função de cone. Oscar jogava muito mal. Quem entrou? William, que só pode substituir o próprio Oscar na cabeça de Felipão. Enquanto Lahm joga de volante, Khedira avançado, Özil aberto e Müller de último homem, Felipão não consegue escalar William no lugar de Hulk (função que ele faz bem), ou substituindo Fred por um jogador que ajude a compor o meio campo ou seja uma opção de velocidade em um momento de necessidade.

Dia dos erros de treinadores

Felipão vacilou hoje, mas não foi o único. Capello e Wilmots não deixaram nosso treinador sozinho. O primeiro já errou na convocação. Sobre o pretexto de "preparar a equipe para a Copa de 2018, na Rússia", Capello tirou do grupo nomes importantes, como o hábil Arshavin e os atacantes Pavlyuchenko e Pogrebenyak. Tudo bem, eles provavelmente não terão condições de defender a Rússia em 2018, mesmo sendo nomes importantes para a equipe hoje. Mas hoje Capello escalou a equipe com Denisov e principalmente Kerzhakov e Dzagoev, os melhores jogadores da equipe, no banco. Três jogadores de qualidade, especialmente os dois últimos, que melhoraram e muito a equipe quando entraram no segundo tempo. Denisov também foi colocado, e o erro foi reparado. Mas já era tarde. Com a falha de Akinfeev, a Coreia do Sul abriu o placar. A Rússia conseguiu o empate com Kerzhakov após rebote do goleiro coreano em chute de Dzagoev, escancarando mais ainda o erro na escalação. Ainda assim o empate não foi mal resultado. A Rússia depende das suas pernas para classificar, basta o supervalorizado Capello (treinador mais bem remunerado do mundo) não cometer o mesmo erro.

 
Wilmots cometeu erro semelhante. Escalou a equipe com Chedli de ponta direita, e Dembelé de volante. Chedli se esforçou e pouco produziu. Dembelé bateu muito e jogou pouco. Enquanto eles estavam em campo, três dos principais jogadores da equipe estava no banco: o volante/meia Fellaini, famoso pela cabeleira avantajada e os velocistas Mertens e Mirallas. Eu, particularmente, teria escalado Mirallas. Mas Mertens entrou logo no intervalo, substituindo Chedli, e Wilmots reparou seu primeiro erro. O jogo não mudou muito, até a reparação do segundo erro. Fellaini substituiu Dembelé e fez o gol de empate. Logo em seguida, Mertens fez o seu. Assim como aconteceu com Capello, os jogadores responderam em campo o porque devem ser titulares. Que a Bélgica também seja melhor escalada nos próximos jogos, e desenvolva seu grande potencial.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

ALEMANHA - A Vanguarda do Futebol Mundial

Primeiramente gostaria de atentar ao fato de que este tópico não foi pensado pelo resultado do jogo de hoje entre Alemanha e Portugal. De forma alguma foi um resultado surpreendente. A superioridade da Alemanha garantia absoluto favoritismo, a ponto de uma goleada não chamar a atenção.

A seleção alemã já é há algum tempo uma referência em tática no futebol mundial. A Alemanha de 2010 ditou os rumos tomados pelo futebol mundial nos anos seguintes. O 4-5-1 (4-2-3-1) sólido defensivamente e mortal no contra-ataque foi adotado por vários dos principais clubes e treinadores do mundo (Real Madrid, Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Arsenal, Liverpool, etc.). Claro, o esquema não foi inventado por Joaquim Löwe, e os times citados trabalham com variações do esquema alemão da última Copa, e jogam de formas particulares. Mas o padrão tático, especialmente trabalhando com dois volantes completos, de boa marcação e boa armação e o contra-ataque em "bloco" tem muito da Alemanha.

Em sua estreia na Copa, a Alemanha fugiu do tradicional 4-2-3-1 e buscou um 4-3-2-1, com três volantes (Lahm, Kroos um pouco mais atrás e Khedira mais solto) e dois jogadores abertos pelos lados (Özil pela direita e Götze pela esquerda, ambos com os pés trocados). Meu ressalto neste momento não é exatamente ao desenho tático escolhido por Löwe, que na minha opinião foi equivocado (mesmo com a goleada). O grande mérito da atual seleção alemã é a versatilidade dos jogadores.


Falando nos jogadores, uma coisa é necessária de se salientar: a qualidade técnica. Todos os jogadores - do goleiro ao centroavante - tem muita qualidade nos fundamentos básicos do futebol. Qualquer jogador tem condições de efetuar um lançamento se estiver apertado (bom exemplo para o zagueiro Hummels, que, no seu clube, quando a retranca adversária é forte e efetiva, ele ajuda na armação do Borussia). Outro exemplo de qualidade técnica absurda é Toni Kroos. O meia do Bayern é, na minha opinião, o melhor lançador do futebol mundial. Tem grande qualidade no passe e é o coração da equipe de Pep Guardiola, fazendo a bola girar com suas excelentes viradas de jogo. Além disso, Kroos joga em qualquer lugar do meio de campo, até pelos lados, mesmo tendo mais afinidade técnica para jogar centralizado.

Isto posto, voltamos ao ponto chave da Alemanha. E versatilidade pôde ser vista em campo hoje. Löwe escalou uma linha de quatro zagueiros; dois deles jogando improvisados como laterais. *TORCEDOR BRASILEIRO: retranqueiro desgraçado esse Löwe! tem o melhor lateral direito do mundo, coloca ele como volante e coloca um zagueiro na lateral direita e outro na esquerda*. Bom, a torcida e imprensa alemã também chiou com a escalação alemã de hoje. Philipp Lahm de volante já não é tão incomum, já que supracitado, já que Guardiola utilizou ele muito nessa função durante a temporada (ainda assim, é mais um sinal de versatilidade do lateral que joga por ambos os lados). Outro volante, Sami Khedira, que teoricamente seria o mais marcador dentre os três escalados, foi o mais ofensivo. As infiltrações pelo meio de campo se deram sempre através do jogador do Real Madrid. Já pelos lados, Löwe abriu dois jogadores que eu prefiro ocupando espaço mais central, especialmente Özil, que sempre jogou centralizado como armador. E no ataque?

Thomas Müller, símbolo maior da versatilidade alemã

Bom, no ataque ficou um dos jogadores mais fantásticos da história do futebol, Thomaz Müller. Quem me conhece deve achar que eu sou um hipócrita ao adjetivar o jogador do Bayern dessa forma. Pois bem, Müller não é um jogador que se destaca tecnicamente. Não é veloz, não é um exímio finalizador, não tem uma qualidade de passe semelhante a de Kroos ou Özil. O que sobra para ele? Ser o jogador mais versátil da atualidade, e um gênio tático. 
       Müller está sempre marcando gols. Mais de 100 gols pelo Bayern, 20 gols (contando os de hoje, que acumulam 8 em Copas) pela seleção, tendo apenas 24 anos de existência. Ainda assim, não me lembro de nenhum golaço dele. Hoje ele assinalou 3: um de pênalti, um de reflexo a um corte errado da zaga e outro de rebote. Três gols "feios" e "achados". Mas poucos jogadores do mundo tem tanta facilidade em achar gols.
        Ele iniciou a sua carreira como meia jogando pelo lado do campo, como foi utilizado em 2010, formando linha com Podolski e Özil. No Bayern, com a chegada de Robben em 2009, o alemão começou a jogar mais centralizado no meio de campo. Hoje, ele foi escalado como último homem, como - segundo dita a descolada gíria atual do futebol - "falso 9".
       Müller não joga futebol da forma tradicional. Não é adepto do futebol arte. Não sai driblando em velocidade como faz Messi. Não chute forte de longe como Cristiano Ronaldo. Não figura entre os melhores do mundo. Mas Müller está sempre lá, sendo decisivo no futebol de mais alto nível. Hoje, até os 30 minutos do segundo tempo, quando a formação havia mudado com as substituições, Müller foi o homem solitário de ataque, mas que jogou por três. Referência quando necessário, movimentando-se para os lados do campo para ajudar na criação de jogadas e abertura de espaço para as chegadas de trás (especialmente de Khedira), correndo MUITO sem a bola tentando criar espaço nas costas dos zagueiros. Na verdade, a Alemanha de hoje não jogou num 4-3-2-1, mas sim num 4-3-2-3. 
      Portugal certamente estaria mais feliz hoje se fosse proibido jogar com um jogador tão polivalente e ativo quanto Müller. Provavelmente Pepe teria estado mais calmo em campo e não seria expulso. De qualquer forma, não evitaria a derrota portuguesa, mas talvez diminuísse a humilhação lusitana. Mas seria uma pena proibir este nível de brilhantismo tático. É o futebol sendo descomplicado. É um objeto de motivação para jogadores que não tem nenhum recurso físico ou técnico sobressalente. Através de MUITO estudo do futebol e MUITA dedicação, é possível se tornar um Thomas Müller. Já se tornar um Messi, um Zidane, um Ronaldo é impossível. Ou você nasce um Zinedine Zidane, ou você se dedica para se tornar um Thomas Müller.
        E além de Müller, Kroos, Lahm, não podemos esquecer do lesionado Schweinsteiger, um dos melhores jogadores da atualidade. Jogador que iniciou a carreira como lateral e se destacou jogando como meia pelo lado esquerdo, de repente se tornou o melhor volante do mundo, sendo inteligente, habilidoso, bom no passe e na marcação. Dado curioso é que os quatro jogadores tem a mesma formação, pelo Bayern...
Alemanha é minha favorita à Copa há muito tempo, e ainda aposto neles para levar o título. 

Breve destaque para a seleção Belga, que figura entre as melhores da Copa. Eles vão aprontar!

Índice da Copa do Mundo 2014 - Grupo C

Temos nosso primeiro grupo sem candidatos ao título mundial. Apesar disso, o grupo C é talvez o mais equilibrado desta edição da Copa do Mundo. Uma sul-americana de segundo escalão, uma europeia de terceira, uma africana e uma asiática. A princípio todas podem classificar e todas podem fracassar.

Colômbia

A Colômbia vem sem seu principal jogador e um dos melhores atacantes da atualidade, Falcão Garcia, mas tem uma equipe com qualidade que não víamos a tempos por lá. Claro, não se compara a equipe dos anos 90, liderada por Valderrama e composta por Rincón, Asprilla, Córdoba e outros grandes nomes, que muito me marcou na época. Curiosamente, um dos jogadores que compôs a seleção na década de 90 - e até se destacou na Copa de 98, substituindo Córdoba - ainda está presente na lista de convocados: o goleiro de 42 anos Faryd Mondragón. É o jogador mais velho da Copa e atualmente está sem clube, mas vem bem acompanhado do zagueiro Mário Yepes, ex jogador do Milan de 38 anos, atual Atalanta. Apesar destes dois nomes, é uma seleção bastante jovem, já que eles são os únicos acima dos 30 (a média de idade do grupo é de 27 anos, mesmo com estes atletas jurássicos). 
       Quase todos os convocados figuram em importantes clubes europeus, o que os dá experiência em competições importantes, de nível continental. Destaque especial para o meio de campo, que conta com Guarín, da Inter de Milão e James Rodríguez (considerado no país como novo Valderrama) do Mônaco e a linha defensiva composta de jogadores que atuam na Itália.

Classificação: C- Dificilmente passa das oitavas, devido aos prováveis adversários do grupo D, mas é a mais candidata a classificação no C.

Craque: O novo Valderrama, James Rodríguez, é um meia hábil e inteligente. Sua habilidade em criar jogadas será a principal arma colombiana.

Fique de olho: O goleiro David Ospina, de apenas 25 anos já pode ser considerado um veterano, com seus 43 jogos pela seleção. Além disso, sua segurança lhe garantiu posição cativa no Nice, clube em que atua e é titular há anos.


Grécia

A envelhecida seleção grega ainda tem como base muitos atletas que ganharam a Eurocopa de 2004. Famosa pela defesa sólida e estatura privilegiada, a equipe que costuma ser um filtro para as seleções maiores na primeira fase da Copa, dessa vez tem condições de conquistar a vaga para as oitavas e vem como segunda cabeça de chave do grupo, ainda que eu acredite que a outra classificada será a Costa do Marfim (que, espero, pare de me decepcionar como em 2006 e 2010).

Classificação: D- Não deve surpreender ninguém, mas pode chegar às oitavas tranquilamente.

Craque: Com o sobrenome complicado e que nem cabe na camisa, Papastathopoulos é mais conhecido pelo primeiro nome, Sokratis. O zagueiro teve uma boa temporada atuando como titular do Borussia Dortmund, devido a lesão do titular Subotic.

Fique de olho: O mais jovem do ataque grego Kostas Mitroglou é um dos destaques do time. Dividindo posição com Gekas, Salpingidis e Samaras, jogadores experientes em vestir a camisa da seleção, Mitroglou se destaca pelo bom posicionamento de área. Essa Copa pode ser a chance perfeito do jogador, tido como eterna promessa, despontar, apesar de sua condição física incerta devido as frequentes lesões durante a temporada.

(FICOU POR AQUI, ISSO FOI FEITO HÁ UMA SEMANA)