quinta-feira, 3 de julho de 2014

Quartas de Final - Copa do Mundo 2014 parte I

Passada a surpreendente fase de grupos e a primeira etapa de eliminatórias, chegamos às quartas de final da Copa do Mundo com a mesa limpa. Agora só sobraram as melhores, e em vista da paridade demonstrada até aqui, todas são candidatas ao título. Segue uma análise dos jogos e as possíveis soluções de cada equipe para os jogos que seguem.


ALEMANHA x FRANÇA

Oponentes históricos dentro e fora de campo, França e Alemanha devem nos render o embate de maior qualidade técnica na Copa até então. Os momentos dos times são opostos. A França entrou desacreditada, mas demonstrou ter um grupo forte, além de valores individuais, e um comando firme nas mãos do campeão mundial Didier Deschamps. Já a Alemanha entrou como favorita, o melhor time no papel e em campo, mas as invencionices de Joachim Löw prejudicaram a qualidade tática da equipe e geraram muitas dificuldades em todos os jogos, exceto a goleada contra Portugal.

Ironia do destino, Löw recebeu uma triste ajuda do acaso. Com a lesão de Mustafi, não existe mais opção para a lateral direita se não Phillip Lahm. Uma das suas invenções se reparou naturalmente. Ainda sobre Höwedes pela esquerda. O zagueiro do Schalke 04 vem demonstrando grande dificuldade no apoio nas partidas da Alemanha. Löw joga com zagueiros nas laterais, mas não abre mão da subida deles ao ataque, o que compromete a defesa e a qualidade técnica da equipe pelos lados do campo. Outro problema grave da seleção está no meio de campo. O próprio técnico do Schalke criticou o uso de Höwedes pela lateral. A escalação de Löw com três volantes (antes Lahm, agora provavelmente Khedira; Kroos e Schweinsteiger) tira a característica vertical que consagrou o time alemão como o dono melhor futebol da Copa de 2010. Não obstante, Löw coloca Özil, um tradicional camisa 10, pelo lado do campo. Lhe falta cacoete e velocidade para jogar pela ponta. Do outro lado joga Götze, que se perdeu taticamente jogando no Bayern de Guardiola. Retirando um dos volantes (provavelmente Kroos, mais fraco na marcação), repondo Özil centralizado e jogando Thomas Müller pelo lado oposto a Götze já tornaria a Alemanha mais objetiva, e abriria espaço para Miroslav Klose no ataque, que busca o objetivo individual de bater o recorde de Ronaldo e se tornar o maior artilheiro da história das Copas.

A França, por sua vez, está tranquila. A campeão mundial que mais convenceu até agora tem poucos problemas táticos. A ausência de seu craque, Ribery, não foi sentida. Valbuena vem na melhor fase da sua carreira e Benzema fazendo gols importantes, sua zaga é segura e experiente, mesmo com a baixa média de idade. Até então sua grande dificuldade tem sido a lateral esquerda. Evra, do Manchester United, vem jogando mal tanto no apoio quanto na marcação. Contra a Nigéria, parecia desanimado, e foi em cima dele que todas as jogadas de perigo da equipe africana surgiram. A opção para a posição é Digne, jogador do PSG de apenas 20 anos. Também não me agrada a escalação de Debuchy pela direita. Vejo mais qualidade técnica em Sagna, futuro jogador do Manchester City.

Será um jogo complicado para a Alemanha, mas a sua qualidade técnica pode fazer a diferença, mesmo perante os equívocos de Löw. Já a França precisa manter a calma diante desse gigante e continuar com o mesmo futebol.


BRASIL x COLÔMBIA

Jogo da seleção brasileira nessa Copa é sempre difícil de prever. A questão emocional vem muito forte, e pode ser fator positivo ou negativo. Por enquanto, foi mais negativo do que positivo. Mas analisando os fatos concretos, o Brasil é um time perdido em campo, sem padrão tático algum, como costuma funcionar com Felipão. Em 2002 deu certo, graças ao talento individual do grupo, especialmente dos três R's: Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo. Esse ano, o Brasil só tem o Neymar, que se mostra imaturo para chamar a responsabilidade do jogo. Contra o Chile, o ex-santista recebeu três bolas sem marcação e em velocidade, e nas três conseguiu fugir da direção do gol e desperdiçar oportunidades. De qualquer forma, seu talento ainda pode definir. Contra a Croácia ele sentiu o peso do jogo e pouco apareceu, mas em um chute "despretensioso" marcou o gol que recolocou a seleção Canarinha na disputa.

A Colômbia tem a campanha mais sólida na Copa. Muitos colocam a culpa nos adversários. Basta lembrar no nivelamento do torneio e da eliminação tranquila do Uruguai, bicampeão mundial que desclassificou Inglaterra e Itália. Mas agora o nível de exigência emocional é muito maior e pode decidir. Mas voltando a falar de futebol, a 'Cafetera' vem sendo o melhor time da Copa. É dona da melhor defesa e de um dos melhores ataques, e não está 100% na competição. Já mostrou que gosta de jogar objetivamente, em direção ao gol e com poucos toques, especialmente na primeira fase, quando preferiu deixar a bola com o adversário e aproveitar bem suas chances. Já contra o Uruguai, os colombianos mostraram que tem capacidade de jogar com a bola no pé e comandar as ações da partida. Até agora, não deu chance para ninguém. Há de se destacar também a qualidade de James Rodriguez. O camisa 10 colombiano vem sendo o melhor jogador da Copa, dono da artilharia com 5 gols. Somado à suas duas assistências, temos um jogador que participou de 7 gols, 70% do produzido pelo time. Importância estatística que também pôde ser comprovada na prática. Contra o Japão, quando ele iniciou no banco, a Colômbia encontrou dificuldades na criação. Após a sua entrada, fizeram 3 gols e massacraram os nipônicos. Seu impacto em campo me lembrou do melhor jogador de todos os tempos, Zinedine Zidane, guardando as devidas proporções, é claro. É bom lembrar que, assim como a França, a Colômbia também não dispõe de seu principal jogador, Radamel Falcão García, na minha opinião melhor centroavante do mundo hoje. Ainda assim, tem 10 gols em 4 jogos.

O Brasil precisa encaixar algum futebol, precisa de criatividade no meio campo (o que não existe, analisando as peças), fortalecer a marcação nas laterais e principalmente, usar o fator casa a seu favor. Já a Colômbia não pode ceder a pressão de jogar com a maior campeã mundial da história na casa dela. Contado apenas o futebol, a Colômbia passaria do Brasil sem grandes problemas.

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