segunda-feira, 16 de junho de 2014

ALEMANHA - A Vanguarda do Futebol Mundial

Primeiramente gostaria de atentar ao fato de que este tópico não foi pensado pelo resultado do jogo de hoje entre Alemanha e Portugal. De forma alguma foi um resultado surpreendente. A superioridade da Alemanha garantia absoluto favoritismo, a ponto de uma goleada não chamar a atenção.

A seleção alemã já é há algum tempo uma referência em tática no futebol mundial. A Alemanha de 2010 ditou os rumos tomados pelo futebol mundial nos anos seguintes. O 4-5-1 (4-2-3-1) sólido defensivamente e mortal no contra-ataque foi adotado por vários dos principais clubes e treinadores do mundo (Real Madrid, Bayern de Munique, Borussia Dortmund, Arsenal, Liverpool, etc.). Claro, o esquema não foi inventado por Joaquim Löwe, e os times citados trabalham com variações do esquema alemão da última Copa, e jogam de formas particulares. Mas o padrão tático, especialmente trabalhando com dois volantes completos, de boa marcação e boa armação e o contra-ataque em "bloco" tem muito da Alemanha.

Em sua estreia na Copa, a Alemanha fugiu do tradicional 4-2-3-1 e buscou um 4-3-2-1, com três volantes (Lahm, Kroos um pouco mais atrás e Khedira mais solto) e dois jogadores abertos pelos lados (Özil pela direita e Götze pela esquerda, ambos com os pés trocados). Meu ressalto neste momento não é exatamente ao desenho tático escolhido por Löwe, que na minha opinião foi equivocado (mesmo com a goleada). O grande mérito da atual seleção alemã é a versatilidade dos jogadores.


Falando nos jogadores, uma coisa é necessária de se salientar: a qualidade técnica. Todos os jogadores - do goleiro ao centroavante - tem muita qualidade nos fundamentos básicos do futebol. Qualquer jogador tem condições de efetuar um lançamento se estiver apertado (bom exemplo para o zagueiro Hummels, que, no seu clube, quando a retranca adversária é forte e efetiva, ele ajuda na armação do Borussia). Outro exemplo de qualidade técnica absurda é Toni Kroos. O meia do Bayern é, na minha opinião, o melhor lançador do futebol mundial. Tem grande qualidade no passe e é o coração da equipe de Pep Guardiola, fazendo a bola girar com suas excelentes viradas de jogo. Além disso, Kroos joga em qualquer lugar do meio de campo, até pelos lados, mesmo tendo mais afinidade técnica para jogar centralizado.

Isto posto, voltamos ao ponto chave da Alemanha. E versatilidade pôde ser vista em campo hoje. Löwe escalou uma linha de quatro zagueiros; dois deles jogando improvisados como laterais. *TORCEDOR BRASILEIRO: retranqueiro desgraçado esse Löwe! tem o melhor lateral direito do mundo, coloca ele como volante e coloca um zagueiro na lateral direita e outro na esquerda*. Bom, a torcida e imprensa alemã também chiou com a escalação alemã de hoje. Philipp Lahm de volante já não é tão incomum, já que supracitado, já que Guardiola utilizou ele muito nessa função durante a temporada (ainda assim, é mais um sinal de versatilidade do lateral que joga por ambos os lados). Outro volante, Sami Khedira, que teoricamente seria o mais marcador dentre os três escalados, foi o mais ofensivo. As infiltrações pelo meio de campo se deram sempre através do jogador do Real Madrid. Já pelos lados, Löwe abriu dois jogadores que eu prefiro ocupando espaço mais central, especialmente Özil, que sempre jogou centralizado como armador. E no ataque?

Thomas Müller, símbolo maior da versatilidade alemã

Bom, no ataque ficou um dos jogadores mais fantásticos da história do futebol, Thomaz Müller. Quem me conhece deve achar que eu sou um hipócrita ao adjetivar o jogador do Bayern dessa forma. Pois bem, Müller não é um jogador que se destaca tecnicamente. Não é veloz, não é um exímio finalizador, não tem uma qualidade de passe semelhante a de Kroos ou Özil. O que sobra para ele? Ser o jogador mais versátil da atualidade, e um gênio tático. 
       Müller está sempre marcando gols. Mais de 100 gols pelo Bayern, 20 gols (contando os de hoje, que acumulam 8 em Copas) pela seleção, tendo apenas 24 anos de existência. Ainda assim, não me lembro de nenhum golaço dele. Hoje ele assinalou 3: um de pênalti, um de reflexo a um corte errado da zaga e outro de rebote. Três gols "feios" e "achados". Mas poucos jogadores do mundo tem tanta facilidade em achar gols.
        Ele iniciou a sua carreira como meia jogando pelo lado do campo, como foi utilizado em 2010, formando linha com Podolski e Özil. No Bayern, com a chegada de Robben em 2009, o alemão começou a jogar mais centralizado no meio de campo. Hoje, ele foi escalado como último homem, como - segundo dita a descolada gíria atual do futebol - "falso 9".
       Müller não joga futebol da forma tradicional. Não é adepto do futebol arte. Não sai driblando em velocidade como faz Messi. Não chute forte de longe como Cristiano Ronaldo. Não figura entre os melhores do mundo. Mas Müller está sempre lá, sendo decisivo no futebol de mais alto nível. Hoje, até os 30 minutos do segundo tempo, quando a formação havia mudado com as substituições, Müller foi o homem solitário de ataque, mas que jogou por três. Referência quando necessário, movimentando-se para os lados do campo para ajudar na criação de jogadas e abertura de espaço para as chegadas de trás (especialmente de Khedira), correndo MUITO sem a bola tentando criar espaço nas costas dos zagueiros. Na verdade, a Alemanha de hoje não jogou num 4-3-2-1, mas sim num 4-3-2-3. 
      Portugal certamente estaria mais feliz hoje se fosse proibido jogar com um jogador tão polivalente e ativo quanto Müller. Provavelmente Pepe teria estado mais calmo em campo e não seria expulso. De qualquer forma, não evitaria a derrota portuguesa, mas talvez diminuísse a humilhação lusitana. Mas seria uma pena proibir este nível de brilhantismo tático. É o futebol sendo descomplicado. É um objeto de motivação para jogadores que não tem nenhum recurso físico ou técnico sobressalente. Através de MUITO estudo do futebol e MUITA dedicação, é possível se tornar um Thomas Müller. Já se tornar um Messi, um Zidane, um Ronaldo é impossível. Ou você nasce um Zinedine Zidane, ou você se dedica para se tornar um Thomas Müller.
        E além de Müller, Kroos, Lahm, não podemos esquecer do lesionado Schweinsteiger, um dos melhores jogadores da atualidade. Jogador que iniciou a carreira como lateral e se destacou jogando como meia pelo lado esquerdo, de repente se tornou o melhor volante do mundo, sendo inteligente, habilidoso, bom no passe e na marcação. Dado curioso é que os quatro jogadores tem a mesma formação, pelo Bayern...
Alemanha é minha favorita à Copa há muito tempo, e ainda aposto neles para levar o título. 

Breve destaque para a seleção Belga, que figura entre as melhores da Copa. Eles vão aprontar!

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