sexta-feira, 6 de junho de 2014

Índice da Copa do Mundo 2014 - Grupo A

Depois de muito tempo sem escrever, decidi praticar um pouco fazendo um resumo da expectativa para cada grupo, e falando um pouco sobre cada seleção que irá participar da Copa.

Antes de tudo, uma pequena explicação de classificação de seleções. Vou subdividi-las em 5 grupos: A para as melhores equipes, as favoritas ao título; B para seleções forte e com chance de surpreender; C para as seleções que podem passar de fase e darão trabalho as favoritas na primeira fase; D para as seleções fracas, mas que ainda podem incomodar; para as babas o grupo E, prováveis lanternas nos grupos, e que podem decidir a classificação das outras pela quantidade de gols sofridos.

Sendo assim, vamos começar pelo começo:

GRUPO A

Expectativas: O grupo A é um dos mais equilibrados dessa edição da Copa, e um dos poucos sem nenhuma baba. Se o script for seguido, Brasil classifica em primeiro, e a segunda vaga é disputada entre as três outras seleções, com um ligeiro favoritismo para a Croácia, e tendo o México como a classificação menos provável, mas é um grupo em aberto e todos tem alguma chance.


Brasil

Dentro do Brasil, já somos campeões. Imprensa, torcida, comissão técnica e jogadores já assumiram o papel de franco favorito. O que é um completo equívoco, já que nossa seleção não está nem entre as melhores. Mais uma vez o imediatismo tomou conta do país, cuja cultura esportiva pode ser definida como patética. Antes da Copa das Confederações a seleção era digna de piedade, depois se tornou a maior seleção de futebol do mundo (*na cabeça de torcida/imprensa). O fato é que haverá cobrança excessiva da torcida nos jogos em que o Brasil não conseguir desempenhar um bom futebol. Os jogadores estão com uma carga extra sobre suas costas (não bastasse o fato de jogarem em casa), e um possível fracasso teria consequências catastróficas. 
       Das equipes brasileiras que eu vi na Copa, essa está entre as mais fracas. Ao contrário de 2002, 2006 e até 2010, temos poucos jogadores em destaque no cenário internacional. Neymar, o craque da seleção, não é nem titular absoluto do Barcelona. Só no Brasil ele é colocado entre os melhores do mundo. Em uma lista realista, não fica nem entre os 20 principais futebolistas do mundo. O resto do meio de campo, formado por Luiz Gustavo, Paulinho, Hulk e Oscar não tem nenhum nome com o peso de um Kaká e um Ronaldinho Gaúcho em 2006, ou do Rivaldo em 98 e 2002. O nosso ponto forte é a defesa, que é vista no mundo todo como uma das melhores, se não a melhor, tendo todos os jogadores como titulares de grandes equipes (mesmo com Daniel Alves sendo contestado no Barça e provavelmente saindo do clube após a Copa, e Marcelo sempre revezando com Coentrão no Real Madrid).
       Claro, essa é uma estratégia psicológica do Felipão para dar confiança a equipe, e de lidar com uma responsabilidade grande. Mas - mesmo que dessa vez esteja se trabalhando mais forte pelo objetivo do que nas outras -  essa mesma mentalidade já garantiu grandes frustrações. Em 1950, o Brasil entrou na Copa proclamado campeão pela nação. Perdeu uma final que se iniciou após um discurso (do prefeito ou governador do Rio na época, não me recordo o cargo no momento), dizendo que a vitória era obrigação que seria cumprida pelos jogadores sem nenhuma dúvida. O Brasil fracassou, e o episódio é lembrado até hoje como um dos mais impactantes da histório do nosso futebol. Em 2006 o Brasil era favorito perante o mundo, mas não conseguiu convencer e acabou eliminado pela França liderada pelo gênio Zidane. Para justificar seus fracassos, o Brasil estigmatizou o goleiro Barbosa em 50, e Roberto Carlos em 2006 (claro, Roberto Carlos, de 1,70m, deveria marcar o Henry, de 1,88m, em um cruzamento em profundidade...isto certamente evitaria o gol). Essa mania de justificar derrotas também faz parte da cultura patética a qual havia me referido acima, que pode ser vista em todos os esportes, mesmo individuais.
       Mas sendo mais prático, Brasil está sim entre os principais favoritos pelo fator CASA. Em termos de time, não colocaria junto com Alemanha ou Espanha, por exemplo.

Classificação: A- Candidata ao título e provável líder do Grupo

Craque: Neymar, o menino com talento de sobra e grande número de recursos técnicos em campo - desde um drible desconcertante parado à um chute de longe ou uma simulação digna de Oscar (o prêmio de cinema, não o colega de seleção).
Fique de olho: Willian. Dono de uma temporada irrepreensível no Chelsea, onde é titular, possivelmente roube a vaga do Oscar durante o torneio (Oscar que terminou a temporada como reserva na equipe inglesa).

  


Croácia
Outro cabeça de chave do Grupo A, a Croácia vem forte para a Copa. Time de jogadores muito fortes fisicamente, como a Sérvia, que acabou de enfrentar o Brasil em amistoso, a Vatrani conta também com jogadores de qualidade técnica, como o volante do Real Madrid Luka Modric e o atacante do Bayern Mario Mandzukic, Niko Kranjcar que fez sua carreira pelo futebol inglês, o ex Schalke 04 e atual destaque do Sevilla, campeão da UEFA Europa League, Ivan Rakitic, entre outros bons nomes. Não é candidata ao título, mas é a seleção mais forte do grupo no papel depois do Brasil. Pode surpreender como em 1998, quando foi terceiro lugar da Copa na França.

Classificação: C- Não entra como candidata ao título, mas pode surpreender.

Craque: Luka Modric, o coração e motor do Real Madrid. Volante rápido, com excelente qualidade de passe e armação de jogadas, boa aproximação e chute da distância, além de grande marcador. Pode gerar contra-ataques de onde menos se espera.

Fique de olho: Mario Mandzukic. Atacante com qualidade de finalização, ótimo posicionamento e dono de uma inteligência tática diferenciada. Um atacante que se movimenta bastante, não se limitando a ficar na área segurando zagueiro, e ajuda muito na marcação de saída de bola. Um dos símbolos do Bayern de Jupp Heynckes, campeão da Champions League 12/13.



México

Graças à vitória de última hora dos Estados Unidos sobre o Panamá nas eliminatórios, o México, seleção de tradicional presente nas Copas do Mundo, teve a chance de se classificar em jogo da repescagem contra a Nova Zelândia. Confirmado o favoritismo, o México entra no Grupo A sob desconfiança. Seu jogador em melhor fase, Carlos Vela, recusou convocações recentes e preferiu não jogar a Copa. Dessa forma, sobrou uma equipe com vários jogadores da liga nacional e duas eternas promessas no ataque: Giovani dos Santos, que já passou por Barcelona, Tottenham e Galatasaray, entre outras equipes, e não conseguiu se firmar, e Javier 'Chicharito' Hernandez, jogador do Manchester United que se destacou pela capacidade de fazer gols, mas que está em má fase.
       A equipe é minha principal candidata para a lanterna do grupo A, mas tem capacidade de bater de frente com os outros times do grupo e até conquistar a classificação.

Classificação: D- Talvez a melhor seleção dentre as com essa classificação. Pode ir para as oitavas, mas é também candidata à lanterna (reflexo de um grupo nivelado).

Craque: Chicharito. Não é um grande jogador, mas é um atacante com timing, sabe se posicionar e estar na hora certa e lugar certo. Resultado disso são os 32 gols em 50 jogos pelo México.

Fique de olho: Carlos Peña. Meia do León e autor de um gol contra o Flamengo na libertadores, o jogador de apenas 24 anos já tem 81 jogos com a camisa da seleção tricolor e 19 gols marcados. Inteligente, o meio tem grandes chances de ir para o futebol Europeu se desempenhar o seu melhor futebol durante a Copa.



Camarões

Contrariando o estereótipo de seleções africanas, Camarões é dona de uma poderosa defesa. Some-se isso a um contra-ataque veloz, e você tem um oponente perigoso. Grande partes de seus jogadores figuram no futebol Europeu, e a seleção conta com nomes de ponta, como o zagueiro Matip, destaque do Schalke 04, Alexander Song, volante ex-Arsenal e atual reserva (injustamente) no Barcelona, e o atacante Samuel Eto'o, que dispensa qualquer comentário. Estes três jogadores garantem solidez em cada setor da equipe e muita qualidade técnica. É uma seleção forte, e acredito que dispute com a Croácia pela segunda vaga do Grupo A.

Classificação: C- Possui bons jogadores e um time taticamente acertado. Como em toda Copa, os africanos costumam surpreender e dar trabalho à grandes seleções. Camarões tem esse potencial.

Craque: Samuel Eto'o, o atacante que formou dupla com Ronaldinho Gaúcho em um Barcelona histórico pode estar disputando sua última Copa do Mundo. Aos 33 anos ainda mantém o bom futebol, tendo jogado na temporada passada pelo Chelsea.

Fique de olho: Matip e Song. O zagueiro é titular absoluto do Schalke 04, foi um dos destaques desta Bundesliga e tem apenas 22 anos. Tem tudo para se destacar na Copa. Já o volante de 26 anos já tem experiência em mundiais. É um primeiro volante de forte marcação, mas também conta com uma visão de jogo privilegiada, podendo deixar os companheiros em condições de gol com passes em profundidade. É injustamente reserva do Busquets no Barcelona, como também foi o marfinês Yaya Touré, hoje um dos melhores jogadores do mundo defendendo o Manchester City. 

 






Nenhum comentário:

Postar um comentário