terça-feira, 30 de agosto de 2011

DE VOLTA A DISPUTA


Em evento fraco Quinton Jackson consegue a posição de desafiante número um para o título dos meio pesados

            Muito esperado pelo seu duelo principal, o UFC 130, realizado dia 28 de maio, começou mal. Duas semanas antes uma situação estranha acabou matando as expectativas para o evento: tanto Frankie Edgar (campeão dos leves) quanto Gray Maynard (desafiante) se machucaram e o combate principal da noite foi cancelado. Seria a revanche do embate realizado em primeiro de janeiro, melhor luta do ano e cujo resultado foi um empate. A segunda principal peleja da noite também foi alvo de polêmica. A princípio seria uma luta entre Quinton “Rampage” Jackson e Thiago Silva, mas este foi punido por ser pego no exame antidoping. O segundo adversário mais cotado para Jackson era Rashad Evans, mas não passaram de rumores. No fim o contendor escolhido foi Matt “The Hammer” Hamill, um guerreiro dentro e fora dos ringues.
            A vida de Hamill virou filme, que será lançado no final do ano nos Estados Unidos. Ele nasceu surdo e tem dificuldades de fala. Em sua infância foi alvo de bullying e tinha baixa autoestima, coisa que só mudou quando ele descobriu o wrestling. De acordo com Matt, na luta ele conseguiu se sentir seguro, pois no ringue não é julgado por sua aparência ou deficiência.
            Mas voltando ao evento, o card principal contou com, além de Rampage versus Hamill, com as disputas dos pesados entre Frank Mir e Roy Nelson, e Stefan Struve contra Travis Bowne. Os brasileiros Thiago Alves e Jorge Santiago também participaram, lutando contra Rick Story e Brian Stann respectivamente.
            Nossos dois compatriotas acabaram sendo derrotados. Santiago que fazia sua reestreia no UFC foi nocauteado por Stann, capitão do exército e ex-combatente no Iraque, por nocaute no fim do segundo round. A evolução do americano, que vem sendo instruído pelo principal treinador do MMA mundial, Greg Jackson, o torna uma promessa na carente categoria dos pesos médios. Já Thiago, que já disputou (sendo derrotado) o título dos meio-médios contra o atual campeão Georges Saint-Pierre, obteve sua oitava derrota na carreira. Story, que abusou de sua força e bom wrestling, derrotou o brasileiro em decisão unânime dos jurados.
            Na primeira disputa entre pesos-pesados da noite, o jovem holandês Stefan “Skyscraper” Struve decepcionou e desceu da posição de eterna promessa para a de lutador mediano. O arranha-céu, como já diz seu preciso apelido, é um gigante, mas mesmo no alto de seus 2,11m ele não consegue aproveitar essa vantagem de estatura na luta em pé, ainda que seu carro-chefe seja o kickboxing. Acabou sendo nocauteado por Travis Bowne ainda no primeiro assalto. Em um movimento que já lhe causou muita dor de cabeça (literalmente), o holandês tentou uma joelhada voadora no americano, que aproveitou a abertura do adversário e aplicou um belo soco, suficiente para apagar o arranha-céu.
            A outra pugna entre pesados foi entre Frank Mir e Roy Nelson. Mesmo sendo a segunda mais esperada do evento, não foi nem digna de comentário. Ambos morreram no gás logo no primeiro round. Durante todo o combate Mir fugiu da trocação e buscou takedowns em Nelson. Mesmo derrubando seu oponente inúmeras vezes, em nenhum momento conseguiu manter a posição em solo – perdeu montadas e posições de costas que facilitavam a finalização por submissão. Uma disputa fraquíssima entre um Frank Mir que há tempos não faz uma luta convincente e um Roy Nelson de quem se esperava muito mais agressividade.
            Por fim pudemos observar a batalha entre Quinton “Rampage” Jackson e Matt “The Hammer” Hamill. Também não foi empolgante, mas como todas as lutas de Rampage, houve bela demonstração de luta em pé, especialmente do boxe de ponta do lutador. Quinton vinha de vitória sobre um dos principais lutadores da categoria, o brasileiro Lyoto Machida. Mas este triunfo não foi convincente: Jackson só saiu vitorioso pela falta de combatividade do brasileiro nos dois primeiros rounds, já que no terceiro este chegou perto de finalizar a luta. O americano, que também é ator, vem aparentando certo desânimo com o UFC. Está sempre reclamando do baixo salário e até rejeitou uma luta pelo título, declarando haver pouco tempo de treinamento para a luta.
            Hamill por sua vez vinha de cinco vitórias seguidas, tendo sido a ultima sobre a lenda Tito Ortiz. Mesmo com retrospecto positivo, Matt não havia se estabelecido como lutador de ponta na categoria dos meio-pesados, pois não venceu nenhum adversário de renome em seu auge. Ortiz vinha de quatro lutas sem vencer e seu outro grande oponente derrotado foi Jon Jones, que perdeu por desqualificação em razão da utilização de cotoveladas ilegais.
            Dessa forma Rampage ainda era o favorito por ter um histórico melhor, além da qualidade inquestionável. Mas era esperada uma grande luta, disputada pela habilidade de Jackson e raça de Hamill. No fim das contas prevaleceu a técnica mesmo. Quinton dominou todos os rounds, utilizando boas sequências de socos, alguns chutes e joelhadas, enquanto seu oponente, com pouco recurso em pé, empregava o famoso “um-dois”, sem conseguir aplicar sequências maiores de socos, e tentava incessantemente derrubar Rampage sem sucesso, vista a grande qualidade no deste.
            Quinton Jackson agora é o principal candidato à disputa do cinturão dos meio-pesados, em posse de Jon Jones.
            Esse evento sem muitas emoções com certeza não será lembrado por muito tempo. Ficou o gostinho de quero mais, e por isso dou três estrelas para o UFC 130.

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